sexta-feira, 2 de setembro de 2011



Elevação sul.
Vista da garagem.
Elevação norte


Novamente, tenho a possibilidade de experimentar questões conceituais em um projeto. Aqui, neste pequeno edifício residencial que será construído em São Bernardo do Campo, deixo bem claro minha proposta de estruturas aparentes. Os elementos de vedação foram revestidos com cerâmicas vermelhas, deixando exposto o concreto. Apenas três elementos: cerâmicas, concreto, alumínio preto e o elemento nulo: vidro. Ok, deixo claro um certo olhar sobre a obra do grande mestre alemão Mies Van der Rohe: pilares em cruz!!!

segunda-feira, 11 de julho de 2011



Um antigo cliente procurou-me neste ultimo semestre para elaborar um projeto para pequeno edifício com salas comerciais nos pavimentos superiores e um salão no pavimento térreo. O lote esta situado no bairro do Broklin, São Paulo. Confesso que ainda estou as voltas com as questões projetuais tipicamente brutalistas (após um longo período estudando estas obras, claro que o resultado pratico seria uma arquitetura com esta influencia). Dentre diversas perguntas e olhares, o que mais me interessa ultimamente é uma pesquisa quanto a disposição e o papel da estrutura no resultado final do projeto. Aqui, com a possibilidade do concreto protendido, imaginei uma estrutura apoiada em três empenas, adotando o mesmo desenho do projeto anterior, como variação do tema, liberando novamente para a face sul superfícies envidraçadas. Elevei o pavimento térreo, que tem acesso por uma suave rampa, o suficiente para dar o efetivo destaque ao que pudesse ali ser exposto no futuro, pois trata-se de uma região que aglomera o comércio do bairro. Pinta-se de preto aqui, coloca-se uma rapa, vidro: tudo passa a flutuar.

O partido do equilíbrio.

Para 2011 o mercado imobiliário projetava uma demanda reprimida por apartamentos de um dormitório na região conhecida como "Vila Marlene", em São Bernardo do Campo. Assim fui convidado por uma incorporadora da região para conceber este projeto de prédio de 3 pavimentos com duas unidades de 56.00m² cada. O terreno oferecido foi um lote irregular de 10.00m x 23.00m e tornou-se até grande comparado ao programa - fato raro. Adotei um recuo na lateral direita do lote com 2.50m, voltado para face sudoeste. Geralmente o tipo de partido seria acomodar a construção cobrindo os 70% da taxa de ocupação permitida. Justamente esta faixa vazia que permitiu envidraçar grandes vãos, expondo completamente a estrutura e os elementos de circulação vertical, agora permeáveis para as andorinhas e não confinados ao escuro (ao menos enquanto não construírem todos os lotes próximos deste).

O partido do vazio venceu.

quinta-feira, 11 de março de 2010


Recentemente fui convidado para realizar um projeto residencial num clássico lote de cinco metros de frente. Porém, este lote, situado em bairro nobre de São Bernardo do Campo, possui 40 metros de profundidade, o que deixou espaço para um grande jardim com uma estreita "raia" para uma piscina. Aqui pude novamente experimentar a questão do poço de iluminação fechado no teto, ao invés de recorrer ao fechamento lateral clássico e sugerido pela própria legislação municpal... Neste projeto fui além, e convenci o proprietário (jovem separado que mora sozinho) a investir em espaços abertos, sem paredes. Apenas algumas compartimentações serão feitas com o aproveitamento das marcenarias, afim de resguardar ambientes como banheiros, o que integrou visualmente todos os ambientes da casa, materializando a ideia do loft, só que aqui de uma maneira mais direta, ainda nao experimentada por mim em projetos anteriores. Uma nova sensação espacial, agraciada pela difusão da luz natural por todos os ambientes, (claro exceto banheiros) é observada. Este projeto possui solução que parte do interior para o exterior. Assim, pela primeira vez, aceitei planejar os interioriores do projeto, como continuação do desenho externo. Aqui segue apenas a imagem da fachada, onde aproveitei uma solução de veneziana-painel de madeira (uma espécie de muxarabi), para compor a fachada sem varanda. Apenas a intenção, devido a presença da porta balcão. Futuramente, postarei aqui as fotos do interior a medida que for solucionado.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010




























Estas imagens, são uma amostra de como são elaboradas as fichas do Inventário de Arquitetura Moderna no ABC. Trata-se de um levantamento de obras com características da arquitetura moderna, especialmente obras construídas entre 1943, construção do IAPI da Vila Guiomar em Santo André, até 1973, ano da construção do CIM Alcina Dantas Feijão, marcandamente a ultima obra com cunho brutalista construída na região. O levantamento visa facilitar o acesso a informações técnicas do projeto, informações do autor e amplo material de imagens, constituidos por desenhos volumétricos, plantas e fotografias da época da inauguração das obras.
Este levantamento é exaustivo, pois compreende várias fontes, e não tem data prevista para ser encerrado, além de poder ser feito com a contribuição de outros autores.



A região do ABC paulista, seque em linhas gerais o mesmo padrão de parcelamento do solo urbano das demais cidades da metrópole, onde a fração ideal de um lote é a área correspondente a 125.00m² de terreno e detalhe: a frente não deve ser menor que 5.00m. Desta forma os bairros que estão em processo de mutação constante, tal como a cidade, nos ultimos 30 anos tem desdobrado os antigos lotes amplos, por lotes cada vez menores. Cena comum na cidade: residencias são demolidas para entregar duas unidades novas, no espaço de uma, atendendo a demanda por habitação para diversos públicos.

O tema do sobrado geminado é sempre recorrente a grande maioria de nós arquitetos. Uma caracteristica deste projetos é adotadar a solução do lado esquerdo do projeto , e rebate-la simetricamente no lado direito, como num espelho. Algumas variações de cor, textura e voilá, mais um projeto de uma casa que esconde duas, ou o projeto de duas casas com cara de uma.

Diante desta dialetica, este projeto teve como partido criar um elemento unificador, que fosse comum as duas fachadas. Este elemento não foi rebatido, denunciando a unidade presente na concepção. O elemento escancara uma fachada, que mente sobre seu interior: simetricamente rebatido em relação a casa do lado.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Tiro de Guerra 02072_Leituras de um edifício

Fig. 01_ Vista do edifício em dia de formatura, 1972
Fonte: Leite 2008 e MUSA


Fig. 02_ Vista do edifício (maquete)
Fonte: Leite 2009

1.1 Da Leitura do Edifício

Toru Kanawaza (FAU-Mack 1961), projetou este edifício em 1964. Ocupa um terreno com suave declividade na esquina da Av. Prestes Maia com Rua das Silveiras. O projeto consiste em um único volume onde o térreo abriga os vestiários, depósito de materiais, cantina, sanitários e alojamentos para o corpo e o chefe da guarda além de barbearia. Um grande hall, logo no final da escada de acesso, distribui toda a circulação em dois corredores, dividindo em três zonas o interior do pavimento superior. Voltados para o oeste estão cinco salas de aula. No centro ficam os depósitos de armas e munições iluminados pelas zenitais na laje. Para leste ficam a sala dos sargentos e dos instrutores, reuniões, almoxarifado, secretaria e direção. Estruturalmente, o projeto consiste em uma seqüência de pórticos, com desenho peculiar, pois se afinam à medida que se aproxima do solo. Voltado para o norte, o entrecolúnio é de 25 metros de distância e origina um vão que abriga as atividades do treinamento militar, e integra visualmente a construção com o desenho do entorno. Anéis de concreto protegem a saída de águas pluviais, criando um contraste com as formas retilíneas do projeto. A estrutura assume um papel duplo pois a obra tem sua forma final totalmente definida pelo desenho de sua estrutura, sem utilização de outros elementos: O resultado é um edifício de desenho puro e marcado pela economia de materiais: concreto, ferro e vidro apenas. Com exceção dos pisos do pavimento superior, que são em tacos de madeira, todo o projeto foi resolvido com estes materiais.



Fig. 03 e 04_ Vista da fachada (maquete)
Fonte: Leite 2009


1.2 Da metodologia de leitura


Diversas metodologias podem ser aplicadas, quando se analisa um edifício ou conjunto de obras. Além das tradicionais pesquisas em revistas como Acrópole, Habitat e outras muito conhecidas pelos pesquisadores de projetos de arquitetura, especialmente os projetos brutalistas, este trabalho buscou uma associação entre bibliografia específica e redesenho digital, ou reconstrução digital. Após o levantamento das fontes primárias do projeto, adquiridos no arquivo do setor de obras públicas de Santo André, houve a conversão do suporte do desenho, do papel para o meio digital, via redesenho no Auto-Cad. Cortes, elevações, topografia, plantas foram redesenhados fielmente aos projetos originais. As informações adquiridas nas visitas in loco, mais o material recolhido em livros e nas entrevistas com colegas de Toru, foram extremamente importantes, porém o grande incremento no conhecimento sobre a obra, foi obtido com o trabalho de redesenho do projeto não só em duas dimensões como também em trêsdimensões, através da utilização do 3d Studio Max. A experiência que o estudo em três dimensões entrega ao pesquisador de arquitetura é extremamente importante e facilitadora, pois o redesenho é uma tarefa rápida e com resultados que não estão nas bibliografias, e às vezes nem nas visitas in loco. Curioso notar, que ao longo da graduação em arquitetura e urbanismo, é natural requisitar aos alunos que desenvolvamapresentações constituídas por leitura de obras emblemáticas. O resultado é geralmente simples transcrições dos textos, agregada as colagens de fotografias das revistas (Projeto e design, AU e outras) e uma visita, muitas vezes festiva e sem trena ou outro instrumento de medição, ao prédio em questão. O redesenho, além de elucidar informações preciosas do projeto, contribui para o desenvolvimento da representação gráfica dos alunos, não só o desenho de cortes, plantas e elevaçôes, mas também o desenho em três dimensões a partir de programas gráficos, realidade de grande maioria dos escritórios de arquitetura em atividade que baseiam sua representação gráfica no uso de programas computacionais.
Fig. 05_ Corte
Fonte: Leite 2009



1.3 Bibliografia de apoio
BONFIM, Jorge Olavo dos Santos. Depoimento gravado em 01 de junho de 2005. Santo André, (fita cassete), 2005.

ZEIN, Ruth Verde. A arquitetura da Escola Paulista Brutalista: 1953-1973. Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS, Porto Alegre, 2005.
Estúdio Brasileiro (org.) Casa Oguy: arquitetura moderna em Santo André: Estúdio Brasileiro, 2005.

LEITE, Denivaldo Pereira. Inventário de Arquitetura Moderna no ABC: Edifícios Públicos em Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, 1960-1973. (mestrado). FAU Mack, 2008.

LEITE, Denivaldo Pereira. Inventário de Arquitetura Moderna no ABC: Reconstituição digital de obras emblemáticas construídas em Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sulentre 1960 e 1973. (livre). Fau Mack 2009.